Vila do Conde Outline by Alexandre Maia

Cividade de Bagunte

Autor

Informações úteis:

Classificação

Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Coordenadas

Latitude
41.383492
Longitude
-8.655649

Marcação visitas

A Cividade de Bagunte é a estação arqueológica mais divulgada do concelho de Vila do Conde, tendo sido classificada como Monumento Nacional em 1910.

Foi um grande povoado fortificado e conta com 52 hectares de área com interesse arqueológico, que inclui um conjunto de vestígios encontrados na sua periferia.

Localizada num monte com ótima visibilidade, insere-se num espaço geográfico que está delimitado pelo rio Este a norte, pelo rio Ave a sul e a oeste, embora um pouco mais distante, pelo oceano Atlântico.

Foi uma importantíssima povoação da Gallaecia meridional durante a Idade do Ferro, integrando um vasto leque de outras povoações, batizadas de castrejas, tais como a Cividade de Terroso, Laúndos, Castro de São João, Castro de Ferreiró, Castro Boi, Castro de S. Paio, Castro de Santa Marinha de Retorta e Castro de Alvarelhos. Integrou o território dos Bracari e desempenhou um papel preeminente nas ligações entre as diversas etnias que ocuparam a região situada entre o Douro e o Cávado.

Sem estratigrafias e sem materiais arqueológicos dispostos em camadas credíveis, torna-se muito difícil apontar com rigor o enquadramento temporal para a ocupação deste sítio ao longo dos séculos. Contudo, o grosso dos materiais arqueológicos apontam para uma cronologia que se situa entre o século I a.C. e o II. Esta situação, a ter acontecido assim, não invalida que a vida no castro tenha acontecido muito antes e que depois tenha perdurado muito para lá da falência da cultura Castreja. Com a chegada dos Romanos à Península Ibérica, a sua influência fez-se sentir, e levou a várias transformações, nomeadamente na organização urbana deste povoado, na segunda metade do século I.

Este castro romanizado mereceu já no final do século XIX o interesse de arqueólogos. Durante o século XX foram feitas algumas campanhas de escavações que puseram a descoberto um misto de construções castrejas e romanas. Mais recentemente, e desde 1994, a Cividade de Bagunte tem sido alvo de trabalhos arqueológicos de limpeza e controlo da vegetação e de proteção das ruínas. Esses trabalhos têm sido dirigidos pelo gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Vila do Conde e apoiados pela Associação de Proteção ao Património Arqueológico de Vila do Conde (APPA-VC) e pela Junta de Freguesia.

Este local foi desde sempre cenário para lendas e histórias contadas através das décadas pelas populações locais. Faz parte das nossas memórias de infância a visita à Cividade, como passeio familiar, da escola ou de outras associações. Um local cheio de magia, onde existiria uma Moura Encantada que por ali permanecia aprisionada ou um túnel secreto que ligaria a Cividade ao rio Ave, para fuga das populações em caso de ataque inimigo. Foram-se descobrindo com surpresa as pequenas habitações semiescondidas e em ruínas, onde facilmente se imaginava uma rotina de vida, de movimento, neste território, há muitos séculos atrás.

Neste momento, e como fruto de um trabalho de décadas de investigadores, arqueólogos, colaboradores e voluntários devidamente orientados, é possível a partilha de um conhecimento científico devidamente alicerçado, que nos permite aprofundar o conhecimento das nossas raízes e da nossa História.

Como complemento da preservação, do estudo e da divulgação deste património, está em construção o Centro de Receção da Cividade de Bagunte, que será ele próprio um edifício surpreendente em termos arquitetónicos e que facilitará o acesso e a visita a este local.

A Cividade de Bagunte é, desde já, um local a (re)visitar, um sítio de conhecimento e lazer. Como em todos os locais preciosos e únicos, deve-se manter o respeito pelas áreas de visita e por todas as indicações, tendo-se especial cuidado com as zonas intervencionadas pelos arqueólogos.

Texto: Cidália Balazeiro

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